Os políticos que se articulam para promover o impeachment da
presidente Dilma Rousseff decidiram pôr em marcha o processo que pode levar ao
afastamento da petista na próxima terça-feira (13), sem esperar que o Congresso
dê a palavra final sobre as contas do governo. Nesta quinta (8), um dia após o
TCU (Tribunal de Contas da União) reprovar o balanço de 2014 de Dilma, o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o
julgamento das contas do governo só deverá ser concluído pelo Congresso no
próximo ano. Adversário do Palácio do Planalto, Cunha indiciou que na terça irá
anunciar sua decisão sobre o principal pedido de impeachment recebido pela
Câmara, que é assinado pelo jurista Hélio Bicudo, ex-petista, e pelo
ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, que foi do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB). A tendência é que Cunha siga a orientação da área
técnica da Câmara e mande arquivar a petição. Mas os principais partidos de
oposição pedirão a ele que dê sequência ao pedido tendo como base a
recomendação do TCU. A oposição deixou claro que não irá esperar a ratificação
da posição do TCU no Congresso. Para os líderes dessas bancadas, a reprovação
unânime das contas pelo tribunal, com base num relatório produzido por vários
auditores, tem força suficiente para justificar o afastamento da presidente do
cargo. Qualquer decisão de Cunha na terça-feira representará uma dor de cabeça
para Dilma, já que o melhor cenário para ela era o de uma protelação da análise
da petição. Se o presidente da Câmara aceitar o pedido de Bicudo e Reale, será
aberta uma comissão especial para analisar a petição e dar um parecer ao
plenário. Dilma será afastada se ao menos 342 dos 513 deputados votarem pela
abertura do processo de impeachment. Se Cunha arquivar o pedido, os principais
líderes da oposição vão apresentar um recurso ao plenário, estratégia combinada
com o peemedebista para lhe tirar o peso político de assumir sozinho a
responsabilidade pela iniciativa. Para que o recurso prospere, é preciso o voto
da maioria dos presentes à sessão. Foto: Divulgação
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