Mesmo com o Congresso em recesso desde o dia 22 de dezembro, a semana entre o Natal e o Ano Novo foi agitada na agência de viagens que atende a Câmara dos Deputados. Ainda que nenhum deputado federal estivesse presente, passagens aéreas eram impressas às centenas.
O motivo era a proximidade do último dia do ano. De acordo com as regras da chamada cota --um adendo aos vencimentos do deputado, destinado a reembolsos, a verba destinada a cada parlamentar pode ser acumulada de um mês para outro, mas não de um ano para o seguinte. O dia 31 de dezembro seria o último para aproveitar o dinheiro que "sobraria" do destinado a cada parlamentar. Naquele dia, o parlamentar poderia comprar passagens aéreas até março. A data limite para o uso delas é até amanhã.
O deputado Lúcio Vieira Lima (do PMDB-BA e irmão do ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer, Geddel Vieira Lima), no entanto, fugiram da média. Foram 75 passagens em nome do parlamentar ou no de seu assessor André Luiz Avelar F. Sant'Anna. Os trechos eram de Brasília para Salvador, domicílio eleitoral do deputado, e da capital baiana para o Distrito Federal. Duas passagens iam e voltavam de Brasília a Teresina (PI).
Somados os trechos, são 79.935 km, considerando a distância aérea entre as localidades. O número praticamente equivale a dar duas voltas inteiras na circunferência da Terra, que é de 40.075 km.
"A gente ganha R$ 33 mil, o líquido dá R$ 26 mil. Se comprar passagem, aí não dá [o salário]. O preço das 75 passagens deve ter sido uma ninharia. Se comprasse diariamente, daria umas dez passagens. Se todos pudessem fazer isso, seria ótimo".
Lúcio Vieira Lima, sobre a aquisição de 75 passagens aéreas pelo seu gabinete no dia 28/12/2016 por R$ 48.695,78.
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