Olá! O assunto hoje é a já intensa disputa dos pré-candidatos à presidência da Câmara dos Deputados.
Pois bem, julho passou com seu recesso parlamentar, e deputados aproveitaram para viajar. Muitas das suas excelências foram esquiar em Bariloche, na Argentina, e no Valle Nevado, no Chile; outros foram passear no verão europeu na Cote D’Azur francesa, e na Costa Amalfitana, na Itália. Alguns passaram em Paris para ver de perto os Jogos Olímpicos. Mas… agora, de volta à capital, começaram os Jogos do Poder na Câmara dos Deputados.
No Congresso Nacional, os atletas preparam suas modalidades: salto com orçamento (e aumento de custos), assalto em distância (nas emendas Pix), tiro ao alvo (nas contas públicas), arremesso de impostos (no seu bolso), maratona (de pedidos de cargos), revezamento (de suplentes) e, sem exageros, considerando nosso histórico da literatura político-judicial, a corrida de 100 metros (fuga da Polícia Federal). Sem falar do mágico em cena, aquele que some com a verba pública…
Mas, voltando ao tema de hoje, você pode se perguntar: além do óbvio, aquela vaidade de uma vitrine de poder, por que o cargo de presidente da Câmara é tão cobiçado e envolve tantos custos da campanha, como se fosse uma eleição popular?
Um dos principais motivos é a hierarquia constitucional. O cargo de presidente da Câmara é o terceiro mais importante do Brasil, depois do presidente e vice-presidente da República. É o dono ali daquela poltrona que assume o país em caso de falta dos dois primeiros, seja em viagens oficiais dos chefes da nação, seja – tomara que não – pela morte dos dois. A sanha pela cadeira passa pelo empreguismo tradicional de milhares de vagas comissionadas, alto poder de barganha com o Palácio do Planalto para nomeações em estatais Brasil adentro e, claro, controle da pauta da Casa – que, inevitavelmente, passa pelo mercado e por seus lobistas poderosos.
Enquanto no recesso a maioria viajou, os três pré-candidatos à presidência da Casa trabalharam, apesar de a eleição ser só em fevereiro do ano que vem. Elmar Nascimento (do União Brasil da Bahia e o aliado do atual presidente, Arthur Lira), Antonio Brito (do PSD da Bahia, e possível aliado do Governo Lula da Silva) e Marcos Pereira (do Republicanos de São Paulo, que corre por fora) cumpriram agenda intensa de visitas a instituições de classes, que demandam pautas importantes na Câmara, e ficaram em Brasília, na maioria do tempo, entre telefonemas, angariando votos de colegas e em almoços com aliados. Aliás, antes do recesso parlamentar, os três organizaram festas pomposas, regadas a bebidas, bandas, altas figuras públicas e muitas promessas de fortalecimento da Câmara — leia-se aqui de emenda.
Mas que não se empolguem muito, para não misturar as contas. Eu apurei que já existe na Câmara um núcleo de assessores parlamentares, servidores de carreira da Casa, de olho nas notas de despesas de gabinete desses candidatos.
Não é exagero passar a lupa nessas contas. Na minha opinião, estamos num Brasil em que o herói é o que apareceu na hora certa, o mártir é o que não teve tempo de fugir, e o denunciante é o esquecido pelo bando. E segue a novela da vida real.
Por Leandro Mazzini
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