quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O dispositivo anti-Moro iguala magistrados a fichas-sujas

A Câmara dos Deputados vai sepultando a democracia com legislações contra o interesse nacional e a favor de interesses pessoais inconfessáveis e conveniências políticas espúrias. O jabuti embutido na nova proposta de Código Eleitoral, apresentado pela deputada Margarete Coelho, do PP do Piauí, é uma infâmia desmesurada mesmo para os largos padrões da infame história política do Brasil. Como publicamos, trata-se do dispositivo que simplesmente barra a candidatura de juízes e integrantes do Ministério Público que tenham se afastado definitivamente do cargo há menos de cinco anos.
O dispositivo é direcionado de modo inequívoco a barrar a eventual candidatura de Sergio Moro à presidência da República ou a qualquer outro cargo com mandato popular, em 2022. O período de cinco anos foi especialmente pensado para que o ex-juiz da Lava Jato só possa se candidatar a partir de 2023. Não só ele, mas qualquer magistrado ou procurador que tenha tomado parte na operação, como Deltan Dallagnol.
O direcionamento se torna tão mais escandaloso porque transforma todos os magistrados — todos — em cidadãos de segunda classe, ao suspender os seus direitos políticos pelo prazo de cinco anos, a partir do momento em que deixam o cargo, igualando-os praticamente a gente com ficha suja.


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