A apresentação de requerimentos com a digital do Palácio do Planalto por governistas gerou um bate-boca na CPI da Covid. De um lado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou se os documentos deveriam ser apreciados, alegando que eles buscam “tirar o foco da investigação”. Autor de alguns dos documentos mencionados, Ciro Nogueira (PP-PI) defendeu que a proposta é válida se tiver sido assinada oficialmente por um senador.
— São muitos requerimentos. Inclusive, tem que ver se o senhor [Omar Aziz] vai apreciar também os que vieram diretamente do Palácio do Planalto, que a imprensa está divulgando hoje. Não podemos votar requerimento para tirar o foco da investigação que estamos fazendo. O Brasil não vai perdoar nenhum dos senhores que está fazendo isso — disse Renan.
Aliado do Planalto, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), rebateu dizendo que “o foco da CPI não pode ser aquele que é dado pelo relator”.
— Os dois requerimentos de CPI foram subscritos pelos senadores — afirmou Rogério, em referência ao texto que amplia o escopo da apuração e trata de recursos federais enviados a estados e municípios — O relator deve respeitar o Senado Federal. Essa CPI não pode ser a CPI do ódio. Afasta o seu ódio, senador. Acalme-se, senador. Respire.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), rebateu Rogério, disse que o foco da CPI não deve ser aquele dado pelo relator, “mas também não pode ser o que veio do Palácio do Planalto”.
Autor de requerimentos com origem no Planalto, Ciro Nogueira entrou na discussão e disse que as propostas seguem válidas e devem ser apreciadas. Ele não negou em nenhum momento que os documentos tiveram origem no Planalto.
— Vamos aprovar se for assinado por um senador. O senhor não vai impedir de votar nenhum requerimento, não. Eu sei quais são os requerimentos que o senhor não quer — disse Nogueira diante do questionamento de Renan se também seriam votados os requerimentos que vieram do Planalto.
O debate começou porque Renan e aliados queriam que os requerimentos de informação apresentados à CPI fossem apreciados separadamente. A estratégia dá vantagem ao grupo da oposição, que está em maioria. Os governistas, por sua vez, querem aprovar todos ao mesmo tempo, “em bloco”, o que acabou acontecendo. Os requerimentos de informação ficaram de fora porque envolvem a convocação de especialistas.
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