O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a quebra dos
sigilos bancário e fiscal do presidente do DEM, senador José Agripino Maia
(RN), do deputado Felipe Maia (DEM-RN), seu filho, e de mais 14 pessoas em
inquérito que investiga um “complexo” esquema de corrupção e lavagem de
dinheiro. A decisão é do ministro Luís Roberto Barroso, que atendeu a pedido da
Procuradoria-Geral da República. Além dos dois políticos e empresas ligadas a
eles, a medida atinge ainda outros familiares do senador, assessores, como seu
motorista e chefe de gabinete, e servidores públicos. Os sigilos serão
afastados entre 2010 e 2015. Agripino é alvo de um inquérito que apura se o
parlamentar negociou o pagamento de propina da empreiteira OAS durante a
construção da Arena das Dunas, estádio em Natal usado na Copa do Mundo de 2014.
Para a procuradoria, há indícios de pagamento de propina ao senador, uma vez
foram identificadas operações suspeitas de lavagem de dinheiro na época de
campanhas eleitorais, em 2010 e 2014. “Isso, igualmente, indica que os pedidos
de doações eleitorais feitos pelo parlamentar à OAS, prontamente atendidos,
podem constituir, na verdade, solicitações e repasses de propina, de forma
dissimulada”, completa a procuradoria. Relatório do Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras) apontou depósitos fragmentados e movimentação
atípica. Em outubro de 2010, por exemplo, foram efetuados, no caixa, seis
depósitos em espécie no valor de R$ 9.900 cada, totalizando R$ 59,4 mil, além
de outros 44 depósitos em envelope no caixa eletrônico, cada um com R$ 2.500,
totalizando R$ 110 mil. Segundo o Coaf, tais operações sugerem “tentativa de
burla dos mecanismos de controle e tentativa de ocultação da identidade do
depositante.” Ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou
que as investigações revelam um “complexo esquema de recebimento de valores
ilícitos para várias pessoas, mediante a utilização de diversas empresas, com a
finalidade de ocultar a origem e o destino final dos recursos envolvidos”. Segundo
Janot, a quebra é essencial para “para desvendar as particularidades das
estratégias de lavagem de dinheiro possivelmente adotadas pelo senador”. Foto: Divulgação
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