No fim de janeiro de 2016, a Polícia Federal deflagrou a
22ª fase da Operação Lava Jato, cujo alvo foi o escritório de advocacia e
consultoria panamenho Mossack Fonseca.
Os investigadores suspeitavam que a empresa teria ajudado a esconder a
identidade dos verdadeiros donos de um apartamento tríplex no balneário do
Guarujá (SP). Agora, a investigação jornalística internacional Panama Papers revela que a
relação da Mossack Fonseca com a Lava Jato transcende, e muito, o apartamento
no litoral paulista. A mais ampla reportagem global sobre empresas em paraísos
fiscais, conduzida por 376 jornalistas de 109 veículos jornalísticos em
76 países, indica que a Mossack Fonseca criou offshores para pelo menos 57
indivíduos já publicamente relacionados ao esquema de corrupção originado na
Petrobras. Os nomes dessas pessoas são citados em uma fração do acervo de mais
de 11,5 milhões de documentos relacionados à Mossack. A força-tarefa da Lava
Jato só teve acesso, até agora, aos papeis do escritório brasileiro da firma
panamenha. Os documentos mostram a existência de, pelo menos, 107 empresas offshoreligadas a
personagens da Lava Jato –firmas até agora não mencionadas pelos investigadores
brasileiros que cuidam da Operação Lava Jato. A Mossack operou para pelo menos
6 grandes empresas e famílias citadas na Lava Jato, abrindo 16 empresas offshores.
Nove delas são novas para a força-tarefa das autoridades brasileiras. As
offshores são ligadas à empreiteira Odebrecht e às famílias Mendes Júnior,
Schahin, Queiroz Galvão, Feffer (controladora do grupo Suzano) e a Walter
Faria, do Grupo Petrópolis. Entre os políticos brasileiros citados direta ou
indiretamente estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o
usineiro e ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL). Todos terão suas histórias
detalhadas ao longo dos próximos dias nas reportagens da série Panama Papers.
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