Eram
quase 11h de quinta-feira (3) quando Dilma Rousseff convocou quatro de seus
principais auxiliares para uma reunião de emergência em seu gabinete, no
terceiro andar do Planalto. Nervosa, andou de um lado para o outro, bateu com
as mãos sobre a mesa, xingou Delcídio do Amaral (PT-MS) e ordenou a divulgação
de uma nota. Assinado por ela, o texto diz que o governo “repudia o uso abusivo
de vazamentos como arma política”. Diante dos ministros Jaques Wagner (Casa
Civil), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), Ricardo Berzoini
(Secretaria de Governo) e do assessor especial da Presidência, Giles Azevedo,
Dilma chegou a soltar um “filho da p.” em referência ao senador. Disse que suas
declarações eram “mentirosas” e que o vazamento da delação deveria ser tratado
como “crime”. Ali foi levantada a hipótese de a delação ser anulada em razão da
publicidade do conteúdo, já que o sigilo é um pré-requisito para a homologação
das declarações pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Dilma então leu a
reportagem divulgada pela revista “IstoÉ”, com trechos em que Delcídio cita seu
nome e o do ex-presidente Lula. “Faremos uma defesa ponto a ponto.” Foi a
respeito da refinaria de Pasadena que ela reagiu com mais indignação, segundo
relatos. Delcídio diz que a presidente tinha pleno conhecimento do processo de
aquisição da refinaria –comprada pela Petrobras com o valor de US$ 792 milhões
superior ao que valia. Dilma nega ter tido acesso ao contrato que sacramentava
o negócio. À época, ela era presidente do Conselho de Administração da estatal.
Ao ler a citação em que Delcídio diz que conversou com a presidente em
caminhada nos jardins do Palácio da Alvorada, Dilma esbravejou: “Isso nunca
existiu! Não tenho intimidade suficiente com ele para passeios no jardim”. Segundo
a delação, a presidente pediu a Delcídio, durante essa conversa, que falasse
com o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Marcelo Navarro para votar
pela libertação de empresários presos na Lava Jato. A reunião precisou ser
interrompida uma vez, quando a presidente, a contragosto, recebeu as equipes
brasileiras de atletas olímpicos de ginástica artística. Impaciente, Dilma
voltou ao gabinete. Foto: Divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário